Casa que acolhe

 



Com quantas camadas se faz um lar? Certa vez, era domingo e eu assistia ao Fantástico em casa no sofá, quando o apresentador começou a mostrar os vídeos que os espectadores haviam mandado. Em geral, eram crianças dançando determinada coreografia na sala, com a TV ao fundo. Até aí tudo bem. Mas o que me chamou a atenção mesmo foi que, em um clipe de no máximo 3 minutos, eu vi tanta casa igual, mas tanta casa igual que eu não sabia mais qual criança eu já tinha visto ou não dançar. E o padrão era o seguinte: um rack grande (geralmente escuro), com um painel atrás da TV. Um ventilador de teto honesto, com aquela luz branca. Essa, claro, acesona e soberana no espaço. No canto, aquela plantinha de consultório de dentista, que é a “que dura em qualquer lugar”, disseram. O dog tem lugar cativo e até aparece nos vídeos. Mas a caminha também se destaca, mesmo que pela falta de harmonia com os outros elementos da sala. No que tem de estante, uns enfeites tímidos e porta retratos. Juro que tem enfeite desse que eu aposto que já vem colado no rack de fábrica. E foi aí que caiu a ficha: ninguém tá decorando errado, ninguém “não tem jeito”... não é nada disso. A questão é que não é de rack, sofá e Ráfia (a planta triste) que se faz um lar. Até aí, temos uma casa. Nada de errado com o planejado e dividido em 10x da casas bahia (tá, tirando os espelhados). Um lar é feito de histórias, de lembranças, de um pouco de tudo que vem de você. Todo dia. Um lar é feito de camadas, e cabe a você ir construindo esse lar, potinho por potinho, enfeite por enfeite. Uma iluminação mais quentinha aqui, um tapete por lá... quadros, artes e lembranças de por onde você passou. O que você ama? Deixe a sua casa responder por você.

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